segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Balanço

Apesar de tudo, Agosto também teve coisas boas!




Até pró ano!...

Desabafo...

Não há maior tortura do que assistir, impotente, à doença e à degradação física daqueles que mais amamos.

domingo, 30 de agosto de 2009

Deve chamar-se tristeza

Deve chamar-se tristeza
Isto que não sei que seja
Que me inquieta sem surpresa
Saudade que não deseja.
Sim, tristeza -mas aquela
Que nasce de conhecer
Que ao longe está uma estrela
E ao perto está não a Ter.

Seja o que for, é o que tenho.
Tudo mais é tudo só.
E eu deixo ir o pó que apanho
De entre as mãos ricas de pó.


Fernando Pessoa

sábado, 29 de agosto de 2009

Moby - "Why does my heart feel so bad?"

Why does my soul feel so sad?...

E o prémio "muro das lamentações" vai para...

... este blogue! E pronto, está tudo dito! (Os lamentos seguem nos próximos posts...)

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Como diz a canção...

Tristeza não tem fim.
Felicidade sim.


Imagem retirada da Internet

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A Minha Saudade Tem o Mar Aprisionado

A minha saudade tem o mar aprisionado
na sua teia de datas e lugares.
É uma matéria vibrátil e nostálgica
que não consigo tocar sem receio,
porque queima os dedos,
porque fere os lábios,
porque dilacera os olhos.
E não me venham dizer que é inocente,
passiva e benigna porque não posso acreditar.
A minha saudade tem mulheres
agarradas ao pescoço dos que partem,
crianças a brincarem nos passeios,
amantes ocultando-se nas sebes,
soldados execrando guerras.
Pode ser uma casa ou uma rede
das que não prendem pássaros nem peixes,
das que têm malhas largas
para deixar passar o vento e a pressa
das ondas no corpo da areia.
Seria hipócrita se dissesse
que esta saudade não me vem à boca
com o sabor a fogo das coisas incumpridas.
Imagino-a distante e extinta, e contudo
cresce em mim como um distúrbio da paixão.

José Jorge Letria

BLIND ZERO - SLOW TIME LOVE

Com dedicatória!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Um Poema

Tu partiste nos quatro versos
que antecederam estas linhas;
ou partiu o teu sorriso, porque tu
sempre moraste no teu sorriso,
chuva verde nas folhas, o teu sorriso,
bater de asas no pulso, o teu sorriso,
e o sabor, esse ardor da luz
sobre os lábios, quando os lábios são
rumor de sol nas ruas, o teu sorriso.



Eugénio de Andrade

E quando eu penso que as coisas não podem ficar piores...

Podem! Oh! Se podem! (Nada a que eu já não esteja habituada!...)

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Quem escreve

Quem escreve quer morrer, quer renascer
num ébrio barco de calma confiança.
Quem escreve quer dormir em ombros matinais
e na boca das coisas ser lágrima animal
ou o sorriso da árvore. Quem escreve
quer ser terra sobre terra, solidão
adorada, resplandecente, odor de morte
e o rumor do sol, a sede da serpente,
o sopro sobre o muro, as pedras sem caminho,
o negro meio-dia sobre os olhos.
António Ramos Rosa

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Clã - Sexto andar

Porque, às vezes, parece que é para nós, em particular, que certas canções passam na rádio... Como esta!

domingo, 16 de agosto de 2009

OqueStrada - Oxalá Te Veja

Conhecia-os de nome e pouco mais. Acabo de assistir a um concerto deles e adorei! Muito bons! Fiquei fã:-)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Coisas que me revoltam...

Nunca vi tantas crianças na praia como este ano. Um verdadeiro "baby boom"! É que só se vêem casais "carregados" de filhos (serão já resultados da política de incentivo à natalidade?...). E a que horas começam os pais a chegar à praia com os filhos (muitos deles ainda bebezinhos!...) ? De manhãzinha? Ao fim da tarde?... Não, nada disso! Chegam à praia ao meio-dia e ficam lá a torrar a tarde toda! Que inconsciência, meu Deus! Mas que raio de pais são estes? Fico revoltada com isto! A sério que fico! Pronto, tenho dito!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Viver sempre também cansa!

"Viver sempre também cansa!
O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul, nitidamente azul,
ora é cinza, negro, quase verde...
Mas nunca tem a cor inesperada.
O Mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.
As paisagens também não se transformam.
Não cai neve vermelha,
não há flores que voem,
a lua não tem olhos
e ninguém vai pintar olhos à lua.
Tudo é igual, mecânico e exacto.
Ainda por cima os homens são os homens.
Soluçam, bebem, riem e digerem
sem imaginação.
E há bairros miseráveis, sempre os mesmos,
discursos de Mussolini,
guerras, orgulhos em transe,
automóveis de corrida...
E obrigam-me a viver até à Morte!
Pois não era mais humano
morrer por um bocadinho,
de vez em quando,
e recomeçar depois, achando tudo mais novo?
Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
morrer em cima dum divã
com a cabeça sobre uma almofada,
confiante e sereno por saber
que tu velavas, meu amor do Norte.
Quando viessem perguntar por mim,
havias de dizer com teu sorriso
onde arde um coração em melodia:
"Matou-se esta manhã.
Agora não o vou ressuscitar
por uma bagatela."
E virias depois, suavemente,
velar por mim, subtil e cuidadosa,
pé ante pé, não fosses acordar
a Morte ainda menina no meu colo..."

José Gomes Ferreira

domingo, 2 de agosto de 2009

Rotina

Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.


Eugénio de Andrade

sábado, 1 de agosto de 2009

Poesia de Agosto

Foi em Agosto que descobri
O sabor das ondas nos teus olhos
O teu corpo húmido de maresia
Espraiando no perfil moreno do sol,
Todo êxtase viril que de ti vinha.
Foi em Agosto que descobri em ti
O azul matizado do céu,
O colorido do poente brincando em mim,
Todo o sonho dos peixes
Fechados nas nossas mãos.
Sonho porque te quero sonhar.
E deixa-me dizer-te, porque senão choro,
Eu sou o espaço...
Uma dádiva...
Vem porque é Agosto
Eu quero cantar-te...


Ana Júlia Macedo Sança