Sei agora como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.
É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.
É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.
Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.
Eugénio de Andrade
3 comentários:
Andrade. Génio. Sempre,
Eugénio de Andrade sempre,sempre, sempre, sempre, sempre, sempre, sempre, sempre...
Mas também Sophia, Pessoa, Florbela Espanca, Mário de Sá Carneiro, David Mourão-Ferreira, Carlos Drummond de Andrade, Pablo Neruda, Alexandre O'NEILL, Jorge de Sena...enfim, a lista é infinita.AMO a poesia! Ela
"sabe a lua-de-água
ao amanhecer,
sabe a cal molhada,
sabe a luz mordida,
sabe a brisa nua,
ao sangue dos rios,
sabe a rosa louca,
ao cair da noite
sabe a pedra amarga,
sabe à minha boca".
Eugénio de Andrade
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