Quero dizer isso mesmo que parece que eu quero dizer.

Quero dizer isso mesmo que parece que eu quero dizer.
Faço isso e afirmo-o, num tempo em que parece que nin-
guém quer dizer o que é mas apenas o que parece ser, e
quando o que se diz, se não é o que é, nem sempre é o
que parece.
Posso parecer confuso, mas isso é apenas o que parece.
Não é o que é. E se, para ti, o que parece é, para mim, de-
finitivamente, não. Porque se o que parece está perto de
ser, também me parece que, de ser, ainda está longe.
Seja aquilo que for. Ou, pura e simplesmente, aquilo que
possa parecer que é.


Joaquim Pessoa