quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
Reticências
Arrumar a vida, pôr prateleiras na vontade e na acção.
Quero fazer isto agora, como sempre quis, com o mesmo resultado;
Mas que bom ter o propósito claro, firme só na clareza, de fazer qualquer coisa!
Vou fazer as malas para o Definitivo,
Organizar Álvaro de Campos,
E amanhã ficar na mesma coisa que antes de ontem — um antes de ontem que é sempre...
Sorrio do conhecimento antecipado da coisa-nenhuma que serei.
Sorrio ao menos; sempre é alguma coisa o sorrir...
Álvaro de Campos
Quero fazer isto agora, como sempre quis, com o mesmo resultado;
Mas que bom ter o propósito claro, firme só na clareza, de fazer qualquer coisa!
Vou fazer as malas para o Definitivo,
Organizar Álvaro de Campos,
E amanhã ficar na mesma coisa que antes de ontem — um antes de ontem que é sempre...
Sorrio do conhecimento antecipado da coisa-nenhuma que serei.
Sorrio ao menos; sempre é alguma coisa o sorrir...
Álvaro de Campos
domingo, 26 de janeiro de 2014
sábado, 25 de janeiro de 2014
Alarvice
Sobre as praxes, já aqui manifestei a minha opinião: sou completamente contra esta aberração. Infelizmente, foi necessário que seis jovens perdessem a vida, para o país acordar para esta cultura tirânica perpetrada por grunhos com o argumento ridículo de que é uma forma saudável de integrar o caloiro no ambiente universitário.
Palavras que poderiam ser minhas.
Estou trabalhar com uma empresa que faz medicamentos para o cancro. E de repente noto em mim um desconforto ao perceber que boa parte da comunicação nesta área sublinha as qualidades morais dos pacientes ou de quem os auxilia. A jovem que revela oh tanta coragem perante a sentença que a consome, o empresário que articula os últimos pensamentos com brio e equanimidade, etc.
Tento analisar a minha repugnância por este tom elevado, repleto de virtudes, e recordo os últimos meses dos meus pais. Nem a moral nem a filosofia lhes valeram e abomino quem, mesmo por inépcia, se arrisca a insinuar que uma boa dose de “coragem” ou outra merda qualquer poderia ter feito a diferença. Há, entre os vivos, uma quantidade excessiva de palermas sentenciosos.
Luis M. Jorge
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
Nocturno
(...)
cada homem procura um rio para dormir,
e com os pés na lua ou num grão de areia
enrola-se no sono que lhe quer fugir.
Cada sonho morre às mãos doutro sonho.
Eugénio de Andrade
cada homem procura um rio para dormir,
e com os pés na lua ou num grão de areia
enrola-se no sono que lhe quer fugir.
Cada sonho morre às mãos doutro sonho.
Eugénio de Andrade
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
Inquietação
(...)
Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
(...)
domingo, 19 de janeiro de 2014
sábado, 18 de janeiro de 2014
(Eu)génio
Não se aprende grande
coisa com a idade.
Talvez a ser mais
simples,a escrever com menos adjectivos.
(...)
Eugénio de Andrade
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
As coisas melhores são feitas no ar
As coisas melhores são feitas no ar,
andar nas nuvens, devanear,
voar, sonhar, falar no ar,
fazer castelos no ar
e ir lá para dentro morar
... ou então estar em qualquer sítio só a estar,
Manuel António Pina
andar nas nuvens, devanear,
voar, sonhar, falar no ar,
fazer castelos no ar
e ir lá para dentro morar
... ou então estar em qualquer sítio só a estar,
Manuel António Pina
domingo, 12 de janeiro de 2014
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
Lições de Filosofia
Eu não tenho vistas largas,
Nem grande sabedoria,
Mas dão-me as horas amargas
Lições de filosofia.
António Aleixo
Nem grande sabedoria,
Mas dão-me as horas amargas
Lições de filosofia.
António Aleixo
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
Ainda sabemos cantar
Ainda sabemos cantar,
só a nossa voz é que mudou:
somos agora mais lentos,
mais amargos,
e um novo gesto é igual ao que passou.
Eugénio de Andrade
só a nossa voz é que mudou:
somos agora mais lentos,
mais amargos,
e um novo gesto é igual ao que passou.
Eugénio de Andrade
domingo, 5 de janeiro de 2014
sábado, 4 de janeiro de 2014
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
quarta-feira, 1 de janeiro de 2014
O Sonho
Pelo sonho é que vamos,
Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo Sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
Com a mesma alegria, ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos.
Sebastião da Gama
Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo Sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
Com a mesma alegria, ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos.
Sebastião da Gama
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