Se às
vezes numa rua no lugar
eu penso
que um dia hei-de morrer
sei que
tudo o que tenho vou deixar
aqui onde
hoje estou deixo de estar
e tudo
quanto sou deixo de ser
medo da
morte não consigo ter
mas
outros mais humanos e banais
medos que
a gente tem mesmo sem querer
como o
medo que eu tenho de morrer
só por
querer viver um pouco mais
se
consigo a meu modo estar no céu
mesmo
vivendo neste chão de inverno
se apenas
sou árvore que cresceu
no espaço
e no tempo que é o meu
para que
havia eu de ser eterno
mas como
as minhas cinzas vão ficando
debaixo
de uma pedra do jardim
meu amor
tu sabes onde me encontrar
e uma
flor sobre a pedra vais deixar
de cada
vez que lembrares de mim
de cada
vez que te lembrares de mim
Manuela de Freitas
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