«Confissões há que não faço porque, dando tempo à reflexão, concluo que aos olhos doutrem o resultado provavelmente será o contrário do desejado.
Calo algumas por receio, não vão julgar que me tomo por eleito, com sensibilidade mais fina e craveira alta. Por vezes fecho a boca no último instante, ao dar conta que ainda as palavras não saíram todas, mas já o sorriso ou o esgar do outro me diz que tem opinião feita e sairei a perder.
De modo que me vejo num constante baloiço entre o desejo de comunicar, contar, confessar, e o temor de que o resultado não seja o que espero, talvez até se mostre contraproducente. É assim que, julgando-me falador passo por macambúzio, embora talvez nenhum dos qualificativos seja exacto e antes me caiba o de fala-só.»
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