Chove...
Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?
Chove...
José Gomes Ferreira
domingo, 29 de maio de 2016
sábado, 28 de maio de 2016
Um lugar chamado casa
Como professora, andei com a "casa às costas" durante muitos anos. Corri o país de uma ponta à outra. Conheci lugares espetaculares, fiz amizades que ficaram para a vida, ensinei alunos em diferentes realidades e contextos. Mas, estivesse eu onde estivesse, não havia semana ou mês (dependia da distância) que eu não viesse a casa, à minha aldeia, à casa dos meus pais. Ainda hoje, tantos anos depois, já sem necessidade de andar de "casa às costas" (pelo menos, por enquanto...), não há semana que eu não venha à minha aldeia, à minha casa. Sim, porque a minha casa há de ser sempre a casa dos meus pais e as lembranças que os perpetuam.
sexta-feira, 27 de maio de 2016
quinta-feira, 26 de maio de 2016
[Somos do tamanho dos nossos sonhos]
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
Alberto Caeiro
A casa onde às vezes regresso
...
Durmo no mar, durmo ao lado de meu pai
uma viagem se deu
entre as mãos e o furor
uma viagem se deu: a noite abate-se fechada
sobre o corpo
uma viagem se deu
entre as mãos e o furor
uma viagem se deu: a noite abate-se fechada
sobre o corpo
Tivesse ainda tempo e entregava-te
o coração
o coração
José Tolentino de Mendonça
segunda-feira, 23 de maio de 2016
domingo, 22 de maio de 2016
Verdes sãos os Campos
...
Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.
...
Luís de Camões
quinta-feira, 19 de maio de 2016
Janela
«Quem faz um poema abre uma janela. Respira, tu que estás numa cela abafada, esse ar que entra por ela.»
Mario Quintana
quarta-feira, 18 de maio de 2016
terça-feira, 17 de maio de 2016
quinta-feira, 12 de maio de 2016
quarta-feira, 11 de maio de 2016
segunda-feira, 9 de maio de 2016
domingo, 8 de maio de 2016
Romaria
Com pompa e circunstância, este fim de semana, por estas bandas, foi inaugurada uma nova romaria: a romaria ao S. Túnel do Marão.
sábado, 7 de maio de 2016
sexta-feira, 6 de maio de 2016
quarta-feira, 4 de maio de 2016
Minha alma
«Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros.»
Clarice Lispector
domingo, 1 de maio de 2016
Poema à (minha) Mãe
No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe
Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha — queres ouvir-me? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...
Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade
eu sei que traí, mãe
Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha — queres ouvir-me? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...
Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade
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