quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Pela luz oblíqua devia ser inverno

Pela luz oblíqua devia ser inverno,
um punhado de olhos procurava
nos meus
iluminados epitáfios.

Não gosto de ser olhado assim,
não tenho piedade
nem rosas, conheço os guinchos pelo voo,
venho dos lados do mar.

São vagarosas as derradeiras
luzes, também eu não tenho pressa:
não entendo essas vozes,
se me chamam não é por mim que chamam,

que não sou daqui.

Eugénio de Andrade

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