Com que voz chorarei meu triste fado,
que em tão dura paixão me sepultou.
Que mor não seja a dor que me deixou
o tempo, de meu bem desenganado.
Mas chorar não se estima neste estado
aonde suspirar nunca aproveitou.
Triste quero viver, pois se me dou
em tristeza a alegria do passado.
De tanto mal, a causa é amor puro,
devido a quem de mim tenho ausente,
por quem a vida e bens dele aventuro.
Luíz Vaz de Camões
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