Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
- ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
- Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
- O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
Mário Quintana
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
domingo, 29 de dezembro de 2013
"Os Búzios"
...
À espreita está um grande amor, mas guarda segredo.
Vazio tens o teu coração na ponta do medo.
Vê como os búzios cairam virados p'ra Norte.
Pois eu vou mexer no destino, vou mudar-te a sorte.
Pois eu vou mexer no destino, vou mudar-te a sorte.
...
Tu Tens um Medo
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
(...)
Cecília Meireles
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
(...)
Cecília Meireles
segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
Natal de quê?...
Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm?
Dos que não são cristãos?
Ou de quem traz às costas
As cinzas de milhões?
Natal de paz agora
Nesta terra de sangue?
Natal de liberdade
Num mundo de oprimidos?
Natal de uma justiça
Roubada sempre a todos?
Natal de ser-se igual
Em ser-se concebido,
Em de um ventre nascer-se,
Em por de amor sofrer-se,
Em de morte morrer-se,
E de ser-se esquecido?
Natal de caridade,
Quando a fome ainda mata?
Natal de qual esperança
Num mundo todo bombas?
Natal de honesta fé,
Com gente que é traição,
Vil ódio, mesquinhez,
E até Natal de amor?
Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm?
Ou dos que olhando ao longe
Sonham de humana vida
Um mundo que não há?
Ou dos que se torturam
E torturados são
Na crença de que os homens
Devem estender-se a mão?
Jorge de Sena
Daqueles que o não têm?
Dos que não são cristãos?
Ou de quem traz às costas
As cinzas de milhões?
Natal de paz agora
Nesta terra de sangue?
Natal de liberdade
Num mundo de oprimidos?
Natal de uma justiça
Roubada sempre a todos?
Natal de ser-se igual
Em ser-se concebido,
Em de um ventre nascer-se,
Em por de amor sofrer-se,
Em de morte morrer-se,
E de ser-se esquecido?
Natal de caridade,
Quando a fome ainda mata?
Natal de qual esperança
Num mundo todo bombas?
Natal de honesta fé,
Com gente que é traição,
Vil ódio, mesquinhez,
E até Natal de amor?
Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm?
Ou dos que olhando ao longe
Sonham de humana vida
Um mundo que não há?
Ou dos que se torturam
E torturados são
Na crença de que os homens
Devem estender-se a mão?
Jorge de Sena
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
"Os poemas"
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Mário Quintana
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
A memória de ti
Nem terror nem lágrimas nem tempo
Me separarão de ti
Que moras para além do vento.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Me separarão de ti
Que moras para além do vento.
Sophia de Mello Breyner Andresen
domingo, 8 de dezembro de 2013
O silêncio
O silêncio só raramente é vazio
diz alguma coisa
diz o que não é.
José Tolentino Mendonça
diz alguma coisa
diz o que não é.
José Tolentino Mendonça
sábado, 7 de dezembro de 2013
Espírito natalício
A tentar ganhar coragem para voltar fazer a árvore de Natal (três anos depois...).
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
The Unconquerable Soul!
Copiado de sapo.cartoon/
(...)
Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.
(...)
William Ernest Henley, in Invictus
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
Se cada dia cai
Se cada dia cai,
dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.
Há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência.
Pablo Neruda
dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.
Há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência.
Pablo Neruda
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
domingo, 1 de dezembro de 2013
sábado, 30 de novembro de 2013
Para Além da Saudade
Vaga, no azul amplo solta,
Vai uma nuvem errando.
O meu passado não volta.
Não é o que estou chorando.
O que choro é diferente.
Entra mais na alma da alma.
Mas como, no céu sem gente,
A nuvem flutua calma.
E isto lembra uma tristeza
E a lembrança é que entristece,
Dou à saudade a riqueza
De emoção que a hora tece.
Mas, em verdade, o que chora
Na minha amarga ansiedade
Mais alto que a nuvem mora,
Está para além da saudade.
Não sei o que é nem consinto
À alma que o saiba bem.
Visto da dor com que minto
Dor que a minha alma tem.
Fernando Pessoa
O teu sorriso
Tu partiste nos quatro versos
que antecederam estas linhas;
ou partiu o teu sorriso, porque tu
sempre moraste no teu sorriso,
(...)
Eugénio de Andrade
que antecederam estas linhas;
ou partiu o teu sorriso, porque tu
sempre moraste no teu sorriso,
(...)
Eugénio de Andrade
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
Vive!
O sol enxugará esse teu pranto
Passado.
Nega o presságio com perfume e encanto!
Faz o dia perfeito e acabado!
Miguel Torga
Passado.
Nega o presságio com perfume e encanto!
Faz o dia perfeito e acabado!
Miguel Torga
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
domingo, 24 de novembro de 2013
Não sei caminhos de cor.
Na minha vida nem sempre a bússola se atrai ao mesmo
norte.
Que ninguém me peça nada. Nada.
Deixai-me com o meu dia que nem sempre é dia,
com a minha noite que nem sempre é noite
como a alma quer.
Não sei caminhos de cor.
Fernando Namora
norte.
Que ninguém me peça nada. Nada.
Deixai-me com o meu dia que nem sempre é dia,
com a minha noite que nem sempre é noite
como a alma quer.
Não sei caminhos de cor.
Fernando Namora
sábado, 23 de novembro de 2013
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
Ser Aquele
Se estou só, quero não estar,
Se não estou, quero estar só,
Enfim, quero sempre estar
Da maneira que não estou.
Ser feliz é ser aquele.
E aquele não é feliz,
Porque pensa dentro dele
E não dentro do que eu quis.
A gente faz o que quer
Daquilo que não é nada,
Mas falha se o não fizer,
Fica perdido na estrada.
Fernando Pessoa
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
Eu escrevi um poema triste
Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Mario Quintana
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Mario Quintana
domingo, 17 de novembro de 2013
sábado, 16 de novembro de 2013
Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
"Ilhas dentro de nós"
"(...) Ninguém, em verdade, viaja para uma ilha. As ilhas existem dentro de nós, como um território sonhado, como um pedaço do nosso passado que se soltou do tempo..."
Mia Couto
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
terça-feira, 12 de novembro de 2013
Esta tirania do "Like" revolta-me!
Como é possível que alguém seja capaz de olhar para uma imagem devastadora (como estas que nos chegam da tragédia que se vive nas Filipinas) e, com a maior das leviandades, faça um "Like"? A sério, como é possível??? Digam-me!
This Is What It Feels Like
Apesar de não ser bem o meu "tipo" de música, adoro isto! É óptima para aliviar o stress e p'ra descarregar a raiva... De preferência, ouvir com o volume no máximo!
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
domingo, 10 de novembro de 2013
domingo, 3 de novembro de 2013
Pontos de vista
O que para algumas pessoas é visto como frontalidade, nomeadamente, levantar o tom de voz e dizer uns valentes palavrões, para mim, não passa de uma grande falta de educação.
sábado, 2 de novembro de 2013
Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
Carlos Drummond de Andrade
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
Carlos Drummond de Andrade
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
domingo, 27 de outubro de 2013
Razão de ser
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece.
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
Paulo Leminski
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece.
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
Paulo Leminski
terça-feira, 22 de outubro de 2013
Irritam-me.
As pessoas que usam e abusam dos diminutivos. Ele é o pãozinho torradinho com manteiga, o peixinho grelhado, a sopinha de legumes, o copinho de água, o cafezinho cheiinho... Pela vossa rica saudinha, falem como pessoas normais!
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
Tanto por dizer
ficou tanto por dizer
e já estão mortas as palavras.
secaram os poemas
mas não as lágrimas.
quero palavras novas
que não fiquem presas na garganta.
Paulo Eduardo Campos
e já estão mortas as palavras.
secaram os poemas
mas não as lágrimas.
quero palavras novas
que não fiquem presas na garganta.
Paulo Eduardo Campos
sábado, 19 de outubro de 2013
Recado aos (meus) amigos distantes
Nem sempre os que estão mais perto
fazem melhor companhia.
Mesmo com sol encoberto,
todos sabem quando é dia.
fazem melhor companhia.
Mesmo com sol encoberto,
todos sabem quando é dia.
Cecília Meireles
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
terça-feira, 15 de outubro de 2013
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
terça-feira, 8 de outubro de 2013
domingo, 6 de outubro de 2013
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
Novos tempos.
Eu - Então, tiveram dificuldade com os TPC´s de Matemática?
Aluno - Eu não, mas a minha mãe teve. E muitas! Tive que lhe explicar tudinho, tudinho, professora!
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
domingo, 29 de setembro de 2013
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Tudo será construído no silêncio
"Tudo será construído no silêncio, pela força do silêncio, mas o pilar mais forte da construção será uma palavra. Tão viva e densa como o silêncio e que, nascida do silêncio, ao silêncio conduzirá".
António Ramos Rosa
domingo, 22 de setembro de 2013
Canção de Outono
O outono toca realejo
No pátio da minha vida.
Velha canção, sempre a mesma,
Sob a vidraça descida...
Tristeza? Encanto? Desejo?
Como é possível sabê-lo?
Um gozo incerto e dorido
De carícia a contrapelo...
Partir, ó alma, que dizes?
Colher as horas, em suma...
Mas os caminhos do Outono
Vão dar em parte nenhuma!
No pátio da minha vida.
Velha canção, sempre a mesma,
Sob a vidraça descida...
Tristeza? Encanto? Desejo?
Como é possível sabê-lo?
Um gozo incerto e dorido
De carícia a contrapelo...
Partir, ó alma, que dizes?
Colher as horas, em suma...
Mas os caminhos do Outono
Vão dar em parte nenhuma!
Mário Quintana
sábado, 21 de setembro de 2013
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
Impossible
I remember years ago
Someone told me I should take
Caution when it comes to love, I did
...
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
Receita para fazer o azul
Se quiseres fazer azul,
pega num pedaço de céu e mete-o numa panela grande,
que possas levar ao lume do horizonte;
depois mexe o azul com um resto de vermelho
da madrugada, até que ele se desfaça;
pega num pedaço de céu e mete-o numa panela grande,
que possas levar ao lume do horizonte;
depois mexe o azul com um resto de vermelho
da madrugada, até que ele se desfaça;
(...)
Nuno Júdice
terça-feira, 17 de setembro de 2013
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
E tudo era possível
Na
minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
Ruy Belo
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
Chegava
o mês de maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido
E
tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer
Só
sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer
Ruy Belo
domingo, 15 de setembro de 2013
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
Há palavras que nos beijam
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
(...)
Alexandre O'Neill
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
(...)
Alexandre O'Neill
terça-feira, 10 de setembro de 2013
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
domingo, 8 de setembro de 2013
A claridade da noite
Ainda mais acolhedora que o dia, a noite apaga todas as contradições.
E, coberta por um manto de estrelas dum resplendo de festa, a alma,
em vez de adormecer como de costume, sonha.
Miguel Torga
E, coberta por um manto de estrelas dum resplendo de festa, a alma,
em vez de adormecer como de costume, sonha.
Miguel Torga
sábado, 7 de setembro de 2013
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
domingo, 25 de agosto de 2013
De (muito) mau gosto.
O país a arder, bombeiros a morrer e, em Lisboa, "brinca-se" aos simulacros e animam-se as ruas com a actuação dos bombeiros para "comemorar" os 25 anos do incêndio do Chiado.
sábado, 24 de agosto de 2013
"A Gaiola Dourada"
Ontem, lá consegui arranjar tempo para ir ver "A Gaiola Dourada" . Devo dizer que foi o 1.º filme português que fui ver ao cinema (eu sei, até parece mal dizer isto, mas é verdade...) e logo com sala cheia! Pois bem, vou repetir o que já toda a gente disse: o filme é excelente e retrata de forma muito real a vida dos emigrantes portugueses em França. Praticamente toda a minha família está emigrada em França e, talvez por isso, o filme me tenha tocado de uma maneira tão especial (por várias vezes, não contive as lágrimas, confesso...) Aquela Maria (papel brilhantemente interpretado pela Rita Blanco) e aquele José (Joaquim de Almeida), poderiam muito bem ser as minhas tias e os meus tios que, nas décadas de 60/70, para fugirem à pobreza, partiram em busca de uma vida melhor e que, depois de muitas dificuldades e de muitos anos de trabalho árduo, cumprem o sonho de uma vida: regressam ao seu país, à sua aldeia natal.
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
Renascer
(...)
Em ti renascerei num mundo meu
E a redenção virá nas tuas linhas
Onde nenhuma coisa se perdeu
Do milagre das coisas que eram minhas.
E a redenção virá nas tuas linhas
Onde nenhuma coisa se perdeu
Do milagre das coisas que eram minhas.
Sophia de Mello Breyner Andresen
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
quarta-feira, 31 de julho de 2013
(A)os meus livros
Os meus livros (que não sabem que existo)
São uma parte de mim, como este rosto
De têmporas e olhos já cinzentos
Que em vão vou procurando nos espelhos
E que percorro com a minha mão côncava.
Não sem alguma lógica amargura
Entendo que as palavras essenciais,
As que me exprimem, estarão nessas folhas
Que não sabem quem sou, não nas que escrevo.
Jorge Luis Borges
São uma parte de mim, como este rosto
De têmporas e olhos já cinzentos
Que em vão vou procurando nos espelhos
E que percorro com a minha mão côncava.
Não sem alguma lógica amargura
Entendo que as palavras essenciais,
As que me exprimem, estarão nessas folhas
Que não sabem quem sou, não nas que escrevo.
Jorge Luis Borges
quarta-feira, 24 de julho de 2013
quinta-feira, 18 de julho de 2013
Invictus
Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.
In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.
Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.
It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.
In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.
Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.
It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.
William Ernest Henley
terça-feira, 16 de julho de 2013
segunda-feira, 15 de julho de 2013
Outros tempos.
No meu tempo, o importante era assistir aos concertos, curtir a música e aproveitar ao máximo. Agora, o importante é mostrar nas redes sociais que se está ou esteve lá!
domingo, 14 de julho de 2013
Do que sou
De um e outro lado do que sou,
da luz e da obscuridade,
do ouro e do pó,
ouço pedirem-me que escolha;
e deixe para trás a inquietação,
a dor,
um peso de não sei que ansiedade.
Mas levo comigo tudo
o que recuso. Sinto
colar-se-me às costas
um resto de noite;
e não sei voltar-me
para a frente, onde
amanhece.
Nuno Júdice
da luz e da obscuridade,
do ouro e do pó,
ouço pedirem-me que escolha;
e deixe para trás a inquietação,
a dor,
um peso de não sei que ansiedade.
Mas levo comigo tudo
o que recuso. Sinto
colar-se-me às costas
um resto de noite;
e não sei voltar-me
para a frente, onde
amanhece.
Nuno Júdice
quinta-feira, 11 de julho de 2013
A noite poisa
Devagar no jardim a noite poisa
E o bailado dos seus passos
Liberta a minha alma dos seus laços,
Como se de novo fosse criada cada coisa.
Sophia de Mello Breyner Andresen
E o bailado dos seus passos
Liberta a minha alma dos seus laços,
Como se de novo fosse criada cada coisa.
Sophia de Mello Breyner Andresen
terça-feira, 9 de julho de 2013
sexta-feira, 28 de junho de 2013
quinta-feira, 27 de junho de 2013
O "livro mal educado" :-)
Há pouco, enquanto esperava pela consulta médica (mais uma!...), ia lendo Como É Linda a Puta da Vida de Miguel Esteves Cardoso. Às tantas, ouço a miúda que estava sentada ao meu lado a segredar ao ouvido da mãe:" Mamã, esta senhora está a ler um livro mal educado!...".
segunda-feira, 24 de junho de 2013
sexta-feira, 21 de junho de 2013
quinta-feira, 20 de junho de 2013
terça-feira, 18 de junho de 2013
segunda-feira, 17 de junho de 2013
Dietas
Ora aqui está uma coisa que nunca fiz: dieta. Não que não precise de perder uns quilinhos (porque preciso, há que dizê-lo!), mas, porque, pura e simplesmente, não tenho pachorra nem paciência para tal. Bem isto a propósito porque, hoje, ao almoço, das 8 pessoas à mesa, eu era a única que não estava a fazer dieta. Nem me soube bem a comida, tal era o sentimento de culpa ...
domingo, 16 de junho de 2013
terça-feira, 11 de junho de 2013
segunda-feira, 10 de junho de 2013
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.
Luís Vaz de Camões
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.
Luís Vaz de Camões
sábado, 1 de junho de 2013
sábado, 25 de maio de 2013
quarta-feira, 15 de maio de 2013
S.O.S.
"S.O.S.
parece que só se ouve essa palavra
vem de todos os lugares
vem dos mares, vem dos lares
dos altares, dos bazares
vêm alarmes similares
parece que só se ouve essa sirene
fala perene
dentro da nossa voz"
parece que só se ouve essa palavra
vem de todos os lugares
vem dos mares, vem dos lares
dos altares, dos bazares
vêm alarmes similares
parece que só se ouve essa sirene
fala perene
dentro da nossa voz"
sexta-feira, 10 de maio de 2013
Chasing Cars
...
If I lay here
If I just lay here
Would you lie with me
And just forget the world?
Forget what we're told
Before we get too old
Show me a garden
That's bursting into life
...
quarta-feira, 8 de maio de 2013
terça-feira, 7 de maio de 2013
Evadir-me, esquecer-me...
Porque, como diz o poeta, viver sempre também cansa! E eu, hoje, sinto-me cansada, muito cansada... Cansada de tudo e de todos (até de mim...).
domingo, 5 de maio de 2013
mãe,
eu sei que ainda guardas mil estrelas no colo.
eu, tantas vezes, ainda acredito que mil estrelas são
todas as estrelas que existem.
José Luís Peixoto
eu, tantas vezes, ainda acredito que mil estrelas são
todas as estrelas que existem.
José Luís Peixoto
quarta-feira, 1 de maio de 2013
segunda-feira, 29 de abril de 2013
domingo, 28 de abril de 2013
Verdes são os campos
Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.
Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.
Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.
...
Luís de Camões
quinta-feira, 25 de abril de 2013
Ode à Liberdade
Quero-te, como quero ao ar e à luz
Porque não sou a ovelha do rebanho,
Nem vendi ao pastor a alma e a grei;
E onde não haja mais do que o redil,
És tu a minha pátria e a minha Lei.
Porque não sou a ovelha do rebanho,
Nem vendi ao pastor a alma e a grei;
E onde não haja mais do que o redil,
És tu a minha pátria e a minha Lei.
(...)
Jaime Cortesão
segunda-feira, 22 de abril de 2013
As Flores
Era preciso agradecer às flores
Terem guardado em si,
Límpida e pura,
Aquela promessa antiga
Duma manhã futura.
Terem guardado em si,
Límpida e pura,
Aquela promessa antiga
Duma manhã futura.
Sophia de Mello Breyner Andresen
quarta-feira, 10 de abril de 2013
Não, não é Cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
(...)
Fernando Pessoa
Que se me entranha na espécie de pensar,
(...)
Fernando Pessoa
sábado, 6 de abril de 2013
Tristeza permitida
Para mim, a tristeza é um sentimento tão legítimo como a alegria. Depende da nossa sensibilidade. A verdade é que, se há dias em que apetece dar gargalhadas e sair com os amigos, outros há em que precisamos de silêncio e solidão. Eu, pelo menos, preciso. E muito!
segunda-feira, 1 de abril de 2013
sexta-feira, 29 de março de 2013
A Páscoa da minha infância
A Páscoa da minha infância tinha cheiro a rosmaninho
E a camélias vermelhas a enfeitar o caminho.
A Páscoa da minha infância tinha cheiro a pão-de-ló
E a amêndoas torradas em casa da minha avó.
A Páscoa da minha infância tinha Sol, tinha alegria
Tinha avós, tios, primos, tinha a tua companhia.
A Páscoa da minha infância tinha a rosca e o folar
Que os padrinhos, orgulhosos, faziam questão de dar.
A Páscoa da minha infância levava com devoção
O Compasso de casa em casa celebrando a ressurreição.
A Páscoa da minha infância tinha roupa pra estrear
Que a mãe, com muito custo, lá conseguia comprar.
A Páscoa da minha infância tinha bombos e foguetes
Tinha velhas rabugentas a passar-nos raspanetes.
Da Páscoa da minha infância passou uma eternidade
E o cheiro a rosmaninho deu lugar ao da saudade...
E a camélias vermelhas a enfeitar o caminho.
A Páscoa da minha infância tinha cheiro a pão-de-ló
E a amêndoas torradas em casa da minha avó.
A Páscoa da minha infância tinha Sol, tinha alegria
Tinha avós, tios, primos, tinha a tua companhia.
A Páscoa da minha infância tinha a rosca e o folar
Que os padrinhos, orgulhosos, faziam questão de dar.
A Páscoa da minha infância levava com devoção
O Compasso de casa em casa celebrando a ressurreição.
A Páscoa da minha infância tinha roupa pra estrear
Que a mãe, com muito custo, lá conseguia comprar.
A Páscoa da minha infância tinha bombos e foguetes
Tinha velhas rabugentas a passar-nos raspanetes.
Da Páscoa da minha infância passou uma eternidade
E o cheiro a rosmaninho deu lugar ao da saudade...
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