A Páscoa da minha infância tinha cheiro a rosmaninho
E a camélias vermelhas a enfeitar o caminho.
A Páscoa da minha infância tinha cheiro a pão-de-ló
E a amêndoas torradas em casa da minha avó.
A Páscoa da minha infância tinha Sol, tinha alegria
Tinha avós, tios, primos, tinha a tua companhia.
A Páscoa da minha infância tinha a rosca e o folar
Que os padrinhos, orgulhosos, faziam questão de dar.
A Páscoa da minha infância levava com devoção
O Compasso de casa em casa celebrando a ressurreição.
A Páscoa da minha infância tinha roupa pra estrear
Que a mãe, com muito custo, lá conseguia comprar.
A Páscoa da minha infância tinha bombos e foguetes
Tinha velhas rabugentas a passar-nos raspanetes.
Da Páscoa da minha infância passou uma eternidade
E o cheiro a rosmaninho deu lugar ao da saudade...
sexta-feira, 29 de março de 2013
Nevoeiro
Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!
Fernando Pessoa
quarta-feira, 27 de março de 2013
segunda-feira, 25 de março de 2013
domingo, 24 de março de 2013
sábado, 23 de março de 2013
sexta-feira, 22 de março de 2013
quinta-feira, 21 de março de 2013
Poesia
Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia desse momento
inunda minha vida inteira.
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia desse momento
inunda minha vida inteira.
Carlos Drummond de Andrade
Ver Claro
Toda a poesia é luminosa, até
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar
outra vez e outra vez
e outra vez
a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.
Eugénio de Andrade
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar
outra vez e outra vez
e outra vez
a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.
Eugénio de Andrade
quarta-feira, 20 de março de 2013
terça-feira, 19 de março de 2013
Pai.
"Eras um pouco muito de mim. Descansa, pai. Ficou o teu sorriso no que não esqueço, ficaste todo em mim. Pai. Nunca esquecerei."
José Luís Peixoto in "Morreste-me"
segunda-feira, 18 de março de 2013
O silêncio
Ouve o silêncio - a voz universal.
Só ele é o verdadeiro confidente
Só ele é o verdadeiro confidente
Do coração de tudo.
Miguel Torga
domingo, 17 de março de 2013
A uma Cerejeira em Flor
Abrir os braços, acolher nos ramos
o vento, a luz, ou o que quer que seja;
sentir o tempo, fibra a fibra,
a tecer o coração de uma cereja.
Eugénio de Andrade
o vento, a luz, ou o que quer que seja;
sentir o tempo, fibra a fibra,
a tecer o coração de uma cereja.
Eugénio de Andrade
sábado, 16 de março de 2013
"Feitos ao Bife"
Pior do que um programa com a Catarina Furtado, só mesmo um programa com a Catarina Furtado e com o Vasco Palmeirim.
quarta-feira, 13 de março de 2013
quarta-feira, 6 de março de 2013
domingo, 3 de março de 2013
A vida suspensa
Cantas. E fica a vida suspensa.
É como se um rio cantasse:
em redor é tudo teu;
mas quando cessa o teu canto
o silêncio é todo meu.
Eugénio de Andrade
sábado, 2 de março de 2013
Gosto de voltar às músicas "onde" fui feliz.
Lembro-me de ouvir este CD ( e esta música em particular!) até à exaustão...
Subscrever:
Mensagens (Atom)