terça-feira, 9 de junho de 2009

Até Amanhã

Sei agora como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.

É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.

É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.

Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.



Eugénio de Andrade

4 comentários:

António disse...

Este Eugénio era um génio...

António disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
António disse...

E... até amanhã!

Rosário disse...

Concordo! Conforme já referi, AMO a poesia de Eugénio de Andrade!